terça-feira, julho 18, 2023

Basta apenas o amor

 Hoje saí do trabalho muito tarde, mas decidi que ainda iria passar pelo lar onde está o meu pai para estar um pouco com ele. Todos os minutos são importantes.

Quando cheguei ele já estava a jantar e ainda que não seja habitual, sentei-me junto dele e ajudei-o a comer a sopa. Soube antes de chegar que ele caíra de novo e por isso hoje estava mais triste. Procurei mimá-lo.

Entretanto chegou um dos colegas de mesa e vendo-me limpar a boca ao meu pai disse: "Você tem que dar graças a Deus pela filha que tem. Tem muito cuidado consigo, que eu bem vejo. Tem sempre roupas boas. Há outros que..."

Depois de lhe ter dito que o meu pai merece este meu cuidado, não pude deixar de me sentir bem com o comentário daquele idoso, mas de imediato apoderou-se de mim outro sentimento. Pobres dos idosos que não sentem amor e carinho dos filhos.

Há filhos que estão longe, há outros que têm empregos e vidas complicadas e por isso não podem dar tanto apoio como desejam aos pais que estão nos lares, mas o que me deixa indignada são os que podem mas não querem.

Desistir dos pais, ignorá-los, diria mesmo desprezá-los é uma atitude, essa sim, desprezível.

A alegria que uma visita faz aos idosos que estão nos lares é imensa. Eles até podem esquecer logo a seguir que estivemos lá com eles, mas enquanto estamos são momentos preciosos.

Em relação aos idosos que já não reconhecem os familiares continua a valer a pena visitá-los. Eles continuam a ser nossos, mesmo que já não saibam quem somos.

Gosto e já tive oportunidade de elogiar a família de uma idosa que é visitada por filhos, netos e bisnetos. São netos já adultos que vão voluntariamente, acredito que por amor.

Amor é a chave.