sábado, setembro 02, 2006

Voltei à escola

Não, não me estou a referir ao livro do Doutor Daniel Sampaio, que faz parte da minha biblioteca.
Eu voltei literalmente à escola.
Ontem foi o dia de retornar ao trabalho, rever colegas após um mês e tal de ausência e ver algumas caras novas com quem irei privar nos próximos tempos.
O que me levou a escrever este post foi um pequeno pedaço de papel, metade de um A5, que eu precisei de preencher para assinalar o meu retorno ao trabalho. Habitualmente esse papel custava 5 cêntimos, mas desta vez custou 10. Um aumento de 100% não deixa de ser curioso.
Eu não fiquei mais pobre por pagar os 10 cêntimos, mas fiquei surpreendida com o aumento. Quando tínhamos o nosso saudoso escudo os aumentos eram mais suaves.
Não sei quem decretou o preço do dito papelinho, nem onde foram parar as muitas moedas de 10 cêntimos que ontem entraram na escola e provavelmente nas outras escolas, mas o que eu sei é que também gostava que, na mesma linha, o meu salário aumentasse 100% ao ano.
Quanto ao resto, quando voltava a casa pensei que não tinha gostado da forma como regressei. Estive muito amarga, revoltada até. É certo que eu não gosto do meu local de trabalho, mas não acredito que seja obra do acaso eu ter ficado ali e por isso vou procurar enfrentar cada dia com pelo menos algum ânimo.
Vou tentar aproveitar o que de bom existe e contribuir para que o local de trabalho seja um espaço agradável a todos os níveis, para que os outros não pensem o mesmo que eu e não desejem que o ano lectivo termine depressa.
Penso que compete a cada pessoa que faz parte do grupo de trabalho contribuir para que tudo vá bem.
Espero chegar ao final de Junho desejosa de voltar em Setembro e saber que fiz a minha parte para essa mudança de atitude.
Bom ano de trabalho a todos.

terça-feira, agosto 22, 2006

Muita doçura

Já assino a revista da National Geographic - Portugal há alguns anos, quase desde que começou. Só me faltam alguns números.
Raramente a leio, pelo menos na íntegra, mas quando ela chega pelo correio, folheio-a à procura das belas imagens que enchem as suas páginas.
Este mês acho que vou mesmo ler algumas reportagens, porque fala de furacões e isso interessa-me e fala dos pandas, esses animais de aspecto fofo e simpático.
Sempre tive muito medo de me aproximar e tocar em animais, não sei se por uma vez ter deitado fora a comida do gato da minha avó e ele não ter gostado, mas quando se trata de pandas, acho que lhes faria uma festa se pudesse. São absolutamente fofos.
A imagem que coloquei é de uma mãe, Mei Xiang, que foi levada para Washigton, D.C. em Dezembro de 2000 e do seu filho, Tai Shan, nascido em cativeiro em Julho de 2005.
Há uma ternura evidente e quando vi a reportagem, o que me ocorreu de imediato foi o facto de ser tão visível o amor entre mãe e filho.
Começa a ter algum sucesso a reprodução de pandas em cativeiro. Assim espero, para que este belo animal não vá parar à lista dos extintos, devido às asneiras do ser (des)humano.

sábado, julho 29, 2006

Mentira e hipocrisia

Finalmente voltei!
Pensava não voltar, mas afinal tenho tanto para dizer que ainda vou andar por aqui mais uns tempos.
Depois, talvez termine este blog e comece outro, novinho, fresquinho, com novas ideias. Veremos.
Uma coisa que sempre me revoltou, porque fui educada para não o fazer, foi a mentira.
Mentiras pequenas, mentiras grandes, para mim são mentiras, por mais que as queiram adoçar.
Alguns dos meus "amigos" mentem, às vezes de forma tão descarada que dá até pena, pois não se apercebem que os outros também não são tolos e captam a mentira.
Outras vezes é uma questão de memória curta. Mentira involuntária. Nunca compreendi se isso existe de facto. Relatam as coisas, fugindo à verdade, ou porque não se lembram, ou porque pensam que os outros já não se lembram.
Uma forma de mentira é a hipocrisia. Querer parecer o que não se é. Vestir a capa de santo.
Fico sem reacção quando ouço algumas pessoas a falarem de certos assuntos, emitindo certas opiniões, quando eu as conheço e sei que aquilo que estão a dizer não corrresponde em nada ao que são.
Escolhi este tema para voltar, porque ando um tanto ou quanto revoltada com alguns casos e pessoas, porque mentem e estão a ser hipócritas, sabendo que não o deviam fazer.
É claro que o problema é delas, mas para mim é triste que seja assim.
Este é um post um pouco agri, sem nada de doce.
Prometo um pouco de doce nos próximos dias, mas compreendam, tanto tempo de ausênncia deixou-me com muito para protestar.
Entretanto desejo boas férias a todos e lembrem-se que "a mentira tem perna curta".
A frontalidade, quando não é anónima, é fundamental para mim.

quarta-feira, maio 03, 2006

Um amigo

Voltei!
Para dar continuidade a um comentário sobre a amizade, aqui vai um poema de Leif Kristiansson, que eu guardo desde a infância e que me acompanha sempre.

Ter um amigo é maravilhoso.
Ser amigo de alguém ainda é melhor.
É como acordar e sentir o sol a brilhar.
Um amigo é alguém com quem se está bem.
Mas um amigo é muito mais do que isso!
É alguém que pensa em ti quando não estás aqui.
Alguém que bate com os dedos na madeira quando tens de fazer coisas difíceis.
Nunca se está realmente só quando se tem um amigo.
Um amigo ouve o que tu dizes e tenta compreender o que não sabes dizer.
Mas um amigo não está sempre de acordo contigo.
Um amigo contradiz-te e obriga-te a pensar honestamente.
Um amigo gosta de ti mesmo que faças asneiras.
Um amigo ensina-te a gostar de coisas novas.
Não terias imaginado essas coisas se estivesses sozinho.
Amigo é uma palavra bonita.
É quase a melhor palavra!
Um amigo é alguém que tem sempre tempo para ti quando apareces.
Toda a gente pode ter um amigo, mas não vivas tão apressado
Que nem vejas que há alguém que quer ser teu amigo.
Um amigo, é alguém que é para ti uma festa,
Alguém que pensa em ti e te ouve e te ajuda a saber o que tu és.
Alguém que te ajuda a descobrir as coisas,
Alguém que está contigo e não tem pressas.
Alguém em quem podes acreditar.
Quem é o teu amigo?

terça-feira, abril 25, 2006

Obrigado amigos

Eu estou aqui se precisarem de mim.
Não sei se sei ser uma boa amiga, mas quero estar presente quando precisarem de mim. Quero ter paciência para ouvir, braços para abraçar, lágrimas para chorar.
Os meus amigos são preciosos para mim. Alguns já me aturaram muito desabafo.
É muito bom quando do outro lado do telefone nos atendem e nos dizem que podemos sempre contar com eles.
Hoje estou triste porque perdi um amigo. Perdi-o de forma trágica. Ele ocupava o lugar especial.
Ele vai sempre ocupar o lugar especial.
Que fiquem as doces lembranças e que a vida siga o seu curso, porque assim tem de ser.
Aos meus amigos eu digo que quero estar presente se precisarem de mim.
Nunca deixem de gritar por socorro.
A vida é muito importante para ser desperdiçada.

Eu sei que vou te amar,
Por toda a minha vida eu vou te amar,
A cada despedida, eu vou te amar,
Desesperadamente, eu sei que vou te amar.

E cada verso meu será
Pra te dizer, que eu sei que vou te amar,
Por toda a minha vida.
Eu sei que vou chorar,
A cada ausência tua eu vou chorar,
Mas cada volta tua há de apagar
O que essa tua ausência me causou.

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu,
Por toda a minha vida.

Eu sei que vou te amar,
Por toda a minha vida eu vou te amar,
A cada despedida, eu vou te amar,
Desesperadamente, eu sei que vou te amar.
E cada verso meu será
Pra te dizer, que eu sei que vou te amar,
Por toda a minha vida.

domingo, abril 16, 2006

"Maior Amor"



Domingo de Páscoa!
Desde que me lembro associo-o sempre a levantar de madrugada.
Um grupo de pessoas, que tem vindo a crescer nos últimos anos, desloca-se às ruínas do castelo de Alcobaça, ao nascer do sol, para celebrar a ressurreição de Cristo.
Este ano a promessa de chuva levou-me a ficar em casa, mas nem por isso muitos deixaram de ali estar e segundo sei cantar e testemunhar do que representa para eles este dia.
Mas, depois de culto tão matinal, o grupo reuniu-se na Igreja Bapatista e tomou o pequeno-almoço.
Cerca das 11 horas foi apresentada uma cantata: "Maior Amor".
Foi com muita alegria que eu ouvi aquelas vozes, que tanto trabalharam nos últimos meses, contarem a história do Filho de Deus.
Eu sei que não o fizeram para serem aplaudidos e houve quem mo dissesse quando eu dei os parabéns pelo trabalho, mas estavam francamente bem.
Foi bonito de ver, que pessoas de idades tão diversas e gostos musicais tão distintos se unissem para este trabalho. Espero que a repitam, e numa sala maior.
Boa Páscoa para todos!

terça-feira, abril 11, 2006

Reformados e a pagar IRS


Indignação é a palavra que me ocorre para definir o que sinto.
A partir deste mês os reformados que aufiram reformas superiores a 7 500 euros por ano passam a pagar IRS.
Já não chega o aumento da taxa moderadora, a diminuição da comparticipação em alguns medicamentos, o aumento do custo dos exames médicos e de todos os bens essenciais, em geral, ainda tinham que vir com esta.
7 500 euros por ano dá uma reforma de cerca de 536 euros por mês. Admitamos, dá para fazer uma vida de luxo. Claro, que se compararmos com as reformas de 223 euros/mês realmente é uma fortuna.
Nós até sabemos que há reformas bem luxuosas e, na maioria dos casos, ganhas por quem pouco ou nada fez. Vejam-se os casos de políticos e gestores de empresas públicas.
Será que não havia mais ninguém capaz de dar este dinheiro ao estado, para ajudar a pagar o aumento da dívida pública senão os reformados?
De um modo geral os reformados são pessoas que trabalharam toda uma vida, pagaram os seus impostos e agora, quando pensam que vão receber a merecida pensão, eis que uns senhores iluminados resolvem tirar a quem já não tem muito.
O que me revolta, é ver que já passou um ano e nós sempre a apertar o cinto. Infelizmente toca cada vez mais a quem já tem tão pouco.
Até quando temos de pagar a incompetência dos nossos políticos?
Até quando podemos continuar a ver dinheiro desperdiçado?
Até quando teremos que pagar para que tantos não façam nada e vivam de subsídios?
Gostava de dizer ao sr. Sócrates, se pudesse, que o meu pai não vai de férias para a Suíça nem veste fatos Armani.

sexta-feira, abril 07, 2006

Vençam os não fumadores, uma campanha pela positiva


Começa hoje a minha campanha a favor dos não fumadores.
Haja coragem!
Que seja desta que o governo põe cá fora a lei que proíbe fumar em restaurantes, cafés, enfim, espaços públicos.
Nós, os não fumadores, temos o direito à indignação e eu indigno-me.
Recentemente reagi quando na minha mesa alguém acendeu um cigarro à hora de almoço. Chamaram-me fundamentalista. Eu diria: "Com muito gosto!"
No dia seguinte pediram-me desculpa.
Não sei ao certo se sou fundamentalista em relação a este assunto. Vou pensar no caso. Quanto a mim, fundamentalistas são os fumadores, que reagem muito mal quando são abordados e não respeitam os que não querem ser fumadores passivos.
Espero que desta vez as tabaqueiras não ganhem. Há muitos interesses em jogo.
Se o Sr. Primeiro Ministro teve a ousadia de pôr cá fora leis tão absurdas nos últimos tempos, vá até ao fim com esta, que vale a pena.
Queremos ar puro nos restaurantes, na padaria ao pé de casa, na pastelaria onde tomamos café e até no cinema, onde se fuma no átrio ao intervalo.
Vençam os não fumadores.

terça-feira, abril 04, 2006

"Munich" visto pelos meus olhos


E Alcobaça continua a mexer!
Ontem gostei de ver a sala de cinema bem composta, com público muito variado e, até eu estava lá.
"Munich" é um óptimo filme, um pouco sangrento para o meu gosto, mas muito bom.
Quando soube que Spielberg tinha feito ou ia fazer este filme decidi que teria de vê-lo.
Em 1972 eu ainda nem andava na escola, por isso não me lembro da morte dos atletas israelitas, mas o conflito da Palestina interessa-me.
Não consegui dissociar o filme do conhecimento que tenho da Bíblia.
Palestina, Terra Prometida. Conhecendo um pouco da história de Israel, observa-se que o seu povo nem sempre actuou de forma correcta. Transpondo isso para o filme e o que aconteceu em 1972 poderá dizer-se que a eliminação dos responsáveis pela morte dos atletas foi uma atitude incorrecta. Foi "olho por olho e dente por dente" em vez de "dar a outra face".
Houve-se muitas vezes dizer que o conflito entre israelitas e palestinianos jamais terá fim.
Curiosamente, hoje mesmo, o chefe da diplomacia palestiniana reconheceu o direito à existência de Israel.
Apenas três perguntas, para eu reflectir:
De quem é afinal a Palestina?
Porque é que os judeus continuam a existir como povo?
Como é possível que um povo que foi tirado dali em 135 dC se tenha reunido e voltado em 1948?

domingo, abril 02, 2006

Música, e não só, para os meus ouvidos.

Hoje deliciei-me a ouvir dois grupos corais, de gente muito jovem.
A minha terra finalmente despertou em várias direcções para eventos culturais e eu, sempre que posso, estou lá.
Falo do 1º Encontro de Coros Académicos, patrocinado pela Academia de Música de Alcobaça.
Foram apenas dois grupos corais, o Coro da Academia de Música de Alcobaça e o Coro de Câmara e Coro Juvenil da FMAC (Fundação Muisical dos Amigos das Crianças).
Ao contrário do que acontecia no passado, a sala estava cheia, e não importa se eram os familiares. Estavam lá, ouviram e viram, sim, porque dava gosto ver o empenho de alguns daqueles jovens e o entusiasmo que dedicam à música.
Quanto ao reportório, gostei mais do que foi escolhido e interpretado pelo coro cá da terra. O outro até pode ter sido melhor, em termos musicais, mas confesso que, apesar da minha grande paixão por música brasileira e Tom Jobim, eu não apreciei muito o tema escolhido para um coro tão jovem.
Foi com muita alegria que vi algumas caritas conhecidas e saliento o João. Que postura. Ah, como eles crescem depressa!
Mas também me deliciei com aquele pequenito do coro de Lisboa que estava cheio de sono e que foi bocejando e ficando irrequieto. Deu um ar menos formal ao acontecimento.
No título do meu post eu digo que foi música e não só. Agora vem a parte menos interessante. Na fila à minha retaguarda estava um casal cá da terra, que não sei muito bem o que estaria ali a fazer. Ela falou quase todo o tempo e só a educação, a minha, me fez não lhe fazer um reparo. Às vezes parece bem ser visto em acontecimentos destes.
Bom, foi prometido mais para o próximo ano e eu fui convidada para integrar um coro adulto. Vamos nessa!

quinta-feira, março 23, 2006

Crash



Precisamente há uma semana atrás eu fui ver o filme "Crash", mas ainda não tinha tido oportunidade de falar sobre ele.
Em primeiro lugar fiquei contente que tenha ganho o óscar para melhor filme e melhor argumento.
É assustador! Parece que andamos todos com os nervos à flor da pele.
A sociedade, não só a americana, está cada vez mais misturada com povos, raças, religiões. Vivemos mesmo numa aldeia global, mas não sabemos viver assim.
Temos comportamento tribal.
Gostei muito do argumento. Fez-me pensar. Realmente a nossa tolerância só exite, na maioria dos casos, para aquilo que não deveria existir.
Continuamos a sentir que a nossa cor de pele, credo é o melhor que há e não toleramos os outros. Estaremos a evoluir?

terça-feira, março 21, 2006

A poesia e a floresta


Neste Dia Mundial da Floresta e da Árvore e também Dia Mundial da Poesia, eu quero assinalar os dois com um poema de um autor de língua portuguesa de quem eu gosto muito, Vinicius de Moraes.

A floresta
Sobre o dorso possante do cavalo
Banhado pela luz do sol nascente
Eu penetrei o atalho, na floresta.
Tudo era força ali, tudo era força
Força ascencional da natureza.
A luz que em torvelinhos despenhava
Sobre a coma verdíssima da mata
Pelos claros das árvores entrava
E desenhava a terra de arabescos.
Na vertigem suprema do galope
Pelos ouvidos, doces, perpassavam
Cantos selvagens de aves indolentes.
A branda aragem que do azul descia
E nas folhas das árvores brincava
Trazia à boca um gosto saboroso
De folha verde e nova e seiva bruta.
Vertiginosamente eu caminhava
Bêbado da frescura da montanha
Bebendo o ar estranguladamente.
Às vezes, a mão firme apaziguava
O impulso ardente do animal fogoso
Para ouvir de mais perto o canto suave
De alguma ave de plumagem rica
E após, soltando as rédeas ao cavalo
Ia de novo loucamente à brisa.

De repente parei. Longe, bem longe
Um ruído indeciso, informe ainda
Vinha às vezes, trazido pelo vento.
Apenas branda aragem perpassava
E pelo azul do céu, nenhuma nuvem.
Que seria? De novo caminhando
Mais distinto escutava o estranho ruído
Como que o ronco baixo e surdo e cavo
De um gigante de lenda adormecido.

A cachoeira, Senhor! A cachoeira!
Era ela. Meu Deus, que majestade!
Desmontei. Sobre a borda da montanha
Vendo a água lançando-se em peitadas
Em contorsões, em doidos torvelinhos
Sobre o rio dormente e marulhoso
Eu tive a estranha sensação da morte.
Em cima o rio vinha espumejante
Apertando entre as pedras pardacentas
Rápido e se sacudindo em branca espuma.
De repente era o vácuo embaixo, o nada
A queda célere e desamparada
A vertigem do abismo, o horror supremo
A água caindo, apavorada, cega
Como querendo se agarrar nas pedras
Mas caindo, caindo, na voragem
E toda se estilhaçando, espumecente.

Lá fiquei longo tempo sobre a rocha
Ouvindo o grande grito que subia
Cheio, eu também, de gritos interiores.
Lá fiquei, só Deus sabe quanto tempo
Sufocando no peito o sofrimento
Caudal de dor atroz e inapagável
Bem mais forte e selvagem do que a outra.
Feita ela toda de esperança
De não poder sentir a natureza
Com o espírito em Deus que a fez tão bela.

Quando voltei, já vinha o sol mais alto
E alta vinha a tristeza no meu peito.
Eu caminhei. De novo veio o vento
Os pássaros cantaram novamente
De novo o aroma rude da floresta
De novo o vento. Mas eu nada via.
Eu era um ser qualquer que ali andava
Que vinha para o ponto de onde viera
Sem sentido, sem luz, sem esperança
Sobre o dorso cansado de um cavalo.

Rio de Janeiro, 1933

sexta-feira, março 17, 2006

E se um desconhecido de repente lhe oferecer flores...


Não lhe caia nos braços, mas sinta-se bem consigo mesma, porque afinal não é todos os dias que se recebem rosas vermelhas acompanhadas de cartão com belas palavras.
São curiosas as personalidades feminina e masculina. Eles que gostam de oferecer flores e tentar com esse gesto conquistar o "sexo fraco". Elas, que ainda que não estejam interessadas, gostam de receber flores, porque se sentem alvo das atenções e de certa forma eleitas.
Acordei hoje para este lado e veio-me à memória o anúncio do desodorizante, mas também o poema: "...queixo-me às rosas, mas que bobagem, as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti...".

terça-feira, março 14, 2006

Falta de chá

Consegui!
Quando hoje acedi ao meu blog espantei-me e isso foi bom.
Alguém continuava a visitá-lo e a deixar comentários, mas... que comentários!
Pensava que não tinha inimigos, mas a avaliar por um comentário ali deixado eu estou na lista negra de alguém.
Como essa pessoa não teve a coragem de assinar o comentário e se limitou a criticar-me duramente eu não lhe poderei responder como queria, ou seja, pessoalmente. Terei de usar o blog.
Em primeiro lugar eu aprecio as pessoas que assumem o que dizem, logo, desvalorizo quem o faz no anonimato. Mostra cobardia e falta de ética.
Em segundo lugar, devo dizer que a nossa língua é um órgão bem poderoso, pois com ela podemos bendizer ou amaldiçoar. No caso a segunda parece ser a realidade.
É curioso que já há uns anos atrás recebi umas mensagens anónimas no telemóvel com algum conteúdo semelhante. Dá para pensar que se trata da mesma pessoa.
Convido a anónima a identificar-se.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Gostaria de ser um livro


Descobri hoje nos papéis que guardo uma composição feita no ano lectivo 79/80 e que me alegrou ler, por isso decidi partilhá-la.


Quem gostarias de ser?
Eu gostaria de ser um livro.
Gostaria! Oh se gostaria!
Ser um livro importante que falasse do mundo.
A princípio, quando o meu escritor me começou a escrever, senti-me só sem um único amigo, como uma criança só, no mundo dos adultos.
Mas depois, conforme o meu conteúdo ia aumentando, mais eu me sentia forte. Ganhei alguns amigos que iam para o meu lado, para o meu escritor tirar bases para me escrever, mas pobre de mim, todos me troçavam, por ainda não ter vestes, pois eu eu era simplesmente folhas e mais folhas de papel.
Agora já sou crescido e já estou à venda nas papelarias.
Quando os doutores souberam que eu existia ficaram contentíssimos, porque eu lhes poderia responder a muitas questões para as quais eles não tinham respostas.
Já sou velho, triste, cansado, mas uma coisa sei: desde que nasci não conheci mais nenhum livro que tivesse tão boas respostas e ensinasse tão bem como eu.
Estou numa biblioteca e sinto-me feliz, porque às vezes os jovens que são curiosos pegam em mim e dizem: - Que belo livro!
Podem-me chamar tolo, mas eu não me importo. É a única esperança que tenho na vida! É triste, mas é sempre assim o nosso fim.
Daqui envio uma mensagem aos meus colegas que estão tristes e cansados como eu. Não desanimem! Alegrem-se! Mais cedo ou mais tarde gostarão outra vez de nós! Talvez a geração nova!
Passados que são 26 anos sobre este desejo, eu ainda gostaria de ser um livro. Por tudo que com eles aprendi, pela companhia que me fizeram e pelos sonhos que despertaram.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Mediocridade

Nunca gostei de mediocridade e uma das coisas que mais me irrita no actual sistema de ensino é o culto da mediocridade.
De um modo geral, os nossos alunos têm uma falta de cultura atroz. Salvam-se honrosas excepções, aqueles que nos dão alegrias, que gostam de aprender e pesquisam, lêem, fazem perguntas, querendo sempre saber mais. Mas são tão poucos!
Sempre foi assim, podem dizer, mas o que me deixa à beira de um ataque de nervos é ver que a escola está feita para os desinteressados, para os que andam ali só a cumprir a escolaridade obrigatória. Os pobres dos bons alunos têm de se render à mediocridade dos outros. Ao invés de se nivelar por cima e exigir mais, desce-se cada vez mais e exige-se cada vez menos.
Gostava que de uma vez por todas se exigisse mais dos nossos alunos, que não nos contentássemos com tão poucos conhecimentos e não aceitássemos tão fracos resultados como suficientes para transitar de ano.
"Dos fracos não reza a história" e nós estamos a contribuir para um país de fracos que não fará história.
Resta-nos lutar para transmitir o máximo que conseguimos e tentar motivar os nossos alunos para uma cultura de conhecimento.
Abaixo a mediocridade!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Alunas felizes

Um grupo de alunas felizes do 10º A, em 1983 na Escola Secundária D. Inês de Castro.
Bons tempos!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Procuram-se alunos felizes

Voltei!
Hoje eu tive saudades dos tempos em que os alunos podiam sair da sala quando acabavam o teste, da alegria que sentiam quando tinham "furo", de poderem sair mais cedo nas aulas de apresentação e de final de período.
Eu fui uma aluna feliz. Lembro-me de gostar de ser aluna e garanto-vos que não gostava só dos intervalos. Gostava do conjunto todo.
Era bom poder ficar na brincadeira, conversar, correr, contar umas anedotas, ou então, para quem não tinha jeito, ouvi-las.
A escola era composta de aulas, convívio e sobretudo alegria quando faltava um professor.
Curiosamente, lembro-me que aprendíamos e para quem não queria aprender ou não conseguia, não havia Planos de Recuperação que os obrigavam a ficar mais horas na escola, que para esses já era uma seca.
Gostava que eles continuasem a saber o que era "furo" e "chumbar".
Gostava que os meus alunos pudessem correr, jogar, brincar, quando têm furos. Gostava que eles não fossem obrigados a ver filmes e a estar fechados numa sala quando sabemos que as crianças cada vez têm menos actividade física. Gostava que na hora de almoço a sala de computadores estivesse fechada para eles puderem ficar na rua e não almoçarem a correr para ir jogar.
Gostava que eles fossem felizes, que brigassem e partissem a cabeça. As crianças sempre foram assim e cresceram.
Deixem as crianças serem felizes!

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Traços de personalidade?


Não sei para onde vá.
Li recentemente o poema de José Régio e embora não me identifique com algumas ideias, eu subscrevo a principal: "Só sei que não vou por aí".
Ainda não sei como vou continuar este blog, não sei o estilo que lhe quero dar, mas sei que não vou em alguns sentidos.
Talvez devido a essa incerteza, fiquei "em silêncio" alguns dias.
Espero que isso não se torne um hábito, porque também sei que não quero ir por aí.
A foto inserida prova que a incerteza me acompanha há longos anos.
Será que me esqueci do que ia comprar ao mercado?
É incrível como Alcobaça está tão igual naquele ângulo.

(Junto ao Cine- Teatro, no escaldante Verão de 68)

sábado, fevereiro 04, 2006

Depressão


A depressão será, nos próximos 10 anos, a doença que irá causar mais incapacidade.
A TSF apresentou ontem uma boa reportagem sobre esta doença dos tempos modernos.
Sempre me interessei muito por este assunto, por isso foi com bastante atenção que fui ouvindo os testemunhos de doentes, médicos e farmacêuticos.
A depressão atinge todas as classes sociais e, contrariamente ao que alguns possam pensar neste dia, o dinheiro não traz felicidade.
Algumas pessoas, com vidas que poderão ser consideradas invejáveis, ficam deprimidas. O seu mundo desaba, como se fosse um castelo de cartas e o que antes era dado como adquirido, passa a ser incerto, inseguro.
A razão porque decidi falar disto aqui é porque conheço alguns casos, cada vez mais, e ainda me indigno porque muitas pessoas olham para os doentes depressivos e para as suas atitudes como opções por estes tomadas, de livre vontade.
É muito difícil viver com um doente depressivo, mas também é um desafio constante e aprende-se muito, às vezes à custa de sofrimento.
Existe uma associação de doentes depressivos e bipolares que procura dar ajuda a doentes e familiares. Fica aqui o endereço do site. http://www.admd.pt
Procurem estar atentos a quem vive à vossa volta e neste dia, sejam felizes e façam alguém feliz.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

"Hotel Ruanda"


É bom ter outra vez cinema em Alcobaça.
Também é muito bom poder ver filmes que por uma ou outra razão nos escaparam no tempo próprio.
"Hotel Ruanda" foi o filme a que assisti ontem. Há muito tempo que eu o queria ver e ao contrário de outras vezes em que criei grandes expectativas e depois me decepcionei, considero que foram duas horas muito bem passadas.
Foi um daqueles filmes que fez despertar em mim aquela vontade adolescente de mudar o mundo, das grandes causas.
Não me imagino a participar numa manifestação anti globalização, mas a ideia de participar numa missão humanitária é um sonho recentemente tornado voz.
As ideias da adolescência já se esfumaram há muito, mas agora eu sei que todos os pequenos contributos podem ajudar a minorar um pouco a dor de quem nada tem.
Que eu jamais deixe de fazer algo em prol dos outros usando como desculpa o facto de não poder mudar o mundo com o meu pequeno gesto. Se eu contribuir para um pouco de felicidade de alguém à minha volta já estarei a contribuir com a minha parte.
É bom vermos filmes que não nos deixam indiferentes.

terça-feira, janeiro 31, 2006

"The Constant Gardner"


Ontem fui ver "O Fiel Jardineiro" (The Constant Gardner). Confesso que foi precisa alguma coragem para sair de casa numa noite tão fria, mas valeu a pena.
O filme não é de fácil consumo, é daqueles que nos deixa a pensar. Apresenta-nos o problema dos africanos serem usados como cobaias para o teste de novos medicamentos e, mais uma vez, destaca o poder das empresas farmacêuticas e os seus meios, nem sempre muito ortodoxos, para atingirem os fins.
Veio-me à memória o que aconteceu em Portugal há uns anos, em moldes diferentes, mas que também punha em causa o poder destas empresas.
Bom, mas voltemos ao filme, foi bom ver de novo o actor que interpretou "O paciente inglês". Tipicamente britânico.
Se não viram, aproveitem e procurem ver. Além do que já referi, há uma história de amor que permeia todo o filme e que é a razão de ser de toda a acção.

sábado, janeiro 28, 2006

O choque do "choque tecnológico"

Ainda não recuperei do choque. Agora no meu local de trabalho temos uns cartões com a nossa fotografia, desfocada, que servem para comprar comida no bufete, comprar senhas de almoço e, aí está o meu choque, dar entrada e saída da escola.
O argumento para a utilização do cartão como "picar de ponto" é que em caso de catástrofe é possível saber quantas almas estão no local.
Que eu saiba os computadores ainda não têm caixa negra e por isso, será muito improvável que no caso de grande catástrofe, eles sobrevivam para contar a história.
Um outro caso de choque é quando o sistema falha. Voltamos ao papel e lápis e aí recuamos no tempo muitos anos atrás. Nínguém paga, porque não se usa dinheiro nas transações, mas sempre e só o cartão. Regista-se a identidade e o que se adquiriu e mais tarde há-de ser descontado no saldo do cartão. O grande problema é procurar na grande lista de papel o nome do dono do cartão. Muito tempo e paciência gastos.
Mas, o maior de todos os choques foi o que aconteceu no outro dia. Alguém entrou e "picou" o cartão. Ficou decerto registada a sua entrada, para constar das almas presentes no local. Acreditem, é só para isto que serve tal operação. Se não acreditam o problema é vosso. Como eu ia dizendo, quando a tal alma se dirigiu ao bufete para lanchar, não constava das almas presentes e teve de voltar à portaria e "picar" de novo o cartão.
Parece que houve algumas falhas de luz e o sistema entrou em choque.
Confesso que não sou de todo, avessa às novas tecnologias, mas alguma coisa não bate muito certo neste choque tecnológico.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

O génio


Hoje eu também me rendi ao génio. Em lugar da estação de rádio a debitar música ou informação eu resolvi ouvir Mozart, enquanto conduzia. Garanto-vos que foi benéfico, pois de outro modo eu ter-me-ia exaltado bastante quando aquela carrinha se atravessou no meu caminho sem aviso prévio.
Ouvi dois concertos para piano e orquestra e rendi-me.
Penso que é impossível ficar indiferente à música de Mozart.
Foram 35 anos vividos com uma intensidade notável.
Espero, que ao longo deste ano as oportunidades de conhecer melhor o compositor e a sua obra possam surgir.
Parabéns Mozart e obrigada.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

A borboleta

Há uns anos atrás, quando eu lia poesia durante o intervalo grande da manhã aos alunos da escola onde trabalhava, descobri este poema e fiquei presa à sua beleza e simplicidade.

De manhã bem cedo
uma borboleta
saiu do casulo
Era parda e preta.

Foi beber ao açude
Viu-se dentro da água
E se achou tão feia
Que morreu de mágoa.

Ela não sabia
- boba! que Deus deu
para cada bicho
a cor que escolheu.

Um anjo a levou
Deus ralhou com ela
mas deu roupa nova
azul e amarela.

Odylo Costa Filho

terça-feira, janeiro 24, 2006

O começo

Dou as boas vindas a mim mesma ao mundo da blogomania.
Logo que outros o queiram fazer eu aceito.
Quem me conhece sabe que gosto de escrever, por isso vou fazer deste espaço o local das minhas reflexões.
Os temas sobre os quais escreverei serão diversos, como são diversos os meus interesses.
Talvez seja agora que eu me discipline e escreva, escreva sem parar, passe a caracteres os pensamentos que povoam os meus dias.
Resta-me agora dar as boas vindas a quem ler o que escrevo e dizer que, embora eu lide muito mal com a crí­tica, estou aberta a sugestões e crí­ticas.