quarta-feira, setembro 26, 2007

Assistência espiritual nos hospitais


O facto de pertencer a uma minoria religiosa nunca me afectou, não fora o facto de saber da existência de algumas, muitas descriminações.

Os sacerdotes da religião dominante podem entrar nos hospitais a qualquer hora, fora do horário das visitas, enquanto que aos ministros de culto de outras confissões é vedado o acesso e só se contarem com a boa vontade da administração podem entrar fora do horário das visitas.

Ora, um doente que esteja no pleno uso das suas faculdades mentais e professe uma qualquer confissão religiosa, sente necessidade de apoio espiritual e está provado que pode até ser uma boa ajuda no processo de cura, trazendo paz e serenidade, em momentos de aflição, sofrimento e desespero.

Até aqui já era difícil, agora vai ser ainda pior.

Está em projecto uma nova resolução em que só será permitido apoio espiritual ao doente se este o solicitar por escrito, inclusive aos doentes católicos.

Bem, não sei se incluindo, se excluindo todos os outros. Veremos essa parte.

Ridículo, para não chamar pior, a essa ideia.

Separação entre o Estado e a Igreja, concordo, mas que me proíbam de ter assistência religiosa se eu não poder assinar a autorizar, tenham lá paciência, é demais.

Confesso que não esperava grande coisa deste governo, antes pelo contrário, esperava muita idiotice, muita coisa absurda, mas vão conseguindo superar as minhas piores espectativas.

Um Estado laico, seguramente onde Deus não entra e não é tido em conta.

Liberdade religiosa é uma miragem e temo que qualquer dia não sejam mesmo respeitadas opções religiosas e que quem as tem tenha sérios problemas.

Aqui Deus não entra!

Agora já não me fazem lembrar o fascismo, mas o comunismo no seu melhor.

Espero que se um dia precisar, o Pastor da minha igreja possa ir visitar-me a qualquer hora e possa levar-me o conforto decerto tão necessário em horas difíceis.

quarta-feira, setembro 19, 2007

O que é que eu posso fazer por Portugal?

Portugal precisa de portugueses como o presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe e o sr. José Louro de Amiais de Cima.
Finalmente dedico um pouco do meu tempo e do meu espaço para prestar a justa homenagem a estes dois homens, que de forma diferente, mas para o mesmo fim, resolveram fazer algo muito útil pelo futuro do país.
Em Sernancelhe, o presidente da Câmara resolveu dar o exemplo no derrube de uma escola sem condições e meteu mãos à obra na construção de um escola com condições para as crianças do seu concelho. Desafiou as hierarquias instaladas no domínio da educação e fez o que tinha de ser feito.
Em Amiais de Cima, o empresário de móveis, sr. Louro, resolveu construir uma escola para os filhos dos empregados. Belo exemplo. Uma aposta no futuro, na educação.
Eu penso que Portugal precisa mesmo de homens assim e só assim conseguiremos alguma coisa.
Se ficarmos sentados à espera que o Estado faça o que lhe compete, podemos esperar por muito tempo e desesperar. Mas, se aqueles que têm condições e meios para o fazer, aplicarem dinheiro e energias na reconstrução deste país, então talvez tenhamos hipótese de algum progresso.
Defendo cada vez mais a intervenção da sociedade civil em campos que têm sido apenas da responsabilidade do estado. Não como uma imposição, mas voluntariamente, com alegria, com vontade de ver obra feita.
Lembro-me da frase de Kennedy: "Não perguntem o que é que o vosso país pode fazer por vocês, mas sim o que é que vocês podem fazer pelo vosso país".
Vamos arregaçar as mangas?

quinta-feira, setembro 06, 2007

Mário Soares na Comissão de Liberdade Religiosa?

Estupefacção foi o que senti quando me disseram que Mário Soares tinha tomado posse como presidente da Comissão de Liberdade Religiosa.
É certo que o governo nos manda trabalhar cada vez até mais tarde, mas não será exagero?
É que o senhor tem 82 anos.
Depois é a estranheza da situação. Ele é agnóstico. Aqui paro e vou verificar concretamente o que isto é, não me baseando apenas no que me disseram.
Já verifiquei na wikipédia e é interessante. Passo a transcrever uma parte.
"O agnóstico, à primeira vista, opõe-se não propriamente a Deus, mas sim à possibilidade de a razão humana conhecer tal entidade (gnose tem a sua origem etimológica na palavra grega que significa «conhecimento»). Para os agnósticos, assim como não é possível provar racionalmente a existência de Deus, é igualmente impossível provar a sua inexistência, logo, constituindo um labirinto sem saída a questão da existência de Deus, não se deve colocar sequer como problema, já que nenhuma necessidade prática nos impele a embrenharmo-nos em tal tarefa estéril.

Isto porque o que determina a crença é a fé, e a fé não é baseada em racionalizações. Então simplesmente não há como provar racionalmente se Deus existe ou não."

Quetiono-me sobre qual será o papel deste senhor na referida comissão. Ele diz que é neutral. No passado não foi lá muito, mesmo no que à religião diz respeito.

E no que me diz respeito, como fazendo parte de uma minoria religiosa, gostava de ver algumas das leis já aprovadas postas em prática.

Espero, mas confesso que não muito, porque não confiei nunca neste senhor e nem o facto de ele ser octagenário me faz mudar de ideias, que ele realmente zele pela liberdade religiosa.