domingo, julho 15, 2007

E se ela tivesse abortado?

Entra hoje em vigor a lei que permite o aborto até às 10 semanas, porque sim.
Gravidez indesejada, inconveniente de momento, são algumas das inúmeras razões que uma mulher pode apresentar para não querer avançar com uma gravidez e por isso, solicitar o aborto.
Facto curioso é que já antes da lei entrar em vigor, alguns hospitais públicos estavam a aplicá-la.
Admiro o excesso de zelo neste caso e lamento, que em tantos casos em que depende a vida de alguém, não haja tanta presteza em dar solução aos problemas.
Também me deixou confusa o facto da Maternidade Alfredo da Costa estar a praticar aborto, ou, como muitos lhe querem chamar, porque talvez seja mais bonito e não magoe tanto, interrupção voluntária da gravidez. Um local que tem servido para tantas vidas verem a luz do dia, serve também para matar vidas. Sim, porque para mim, um ser em desenvovimento, seja embrião ou feto, é uma vida.
Entristece-me sobremaneira o empenho que está a ser posto na aplicação desta lei, como se fosse um caso premente no país.
Já me ocorreu que, se o objectivo é não deixar nascer mais crianças, talvez fosse mais eficaz e económico esterlizar todas as mulheres.
Chocante? Talvez menos do que permitir que haja formação de um novo ser e depois matá-lo.
De qualquer forma eu não concordo com nenhum destes métodos. Estava apenas a ser irónica.
Há vinte e poucos anos tinha uma vizinha, adolescente, que engravidou e procurou esconder até quese ao fim do tempo ese facto. Andou apertada, enfim, fez tudo para disfarçar, mas, não sei porquê, não abortou.
Conheço o filho, que foi criado pela avó materna e sempre me pareceu um rapaz ajuizado, mas há algum tempo atrás encontrei a mãe e ela disse-me que ele estava na universidade a estudar medicina. Vieram-me as lágrimas aos olhos.
Ele podia ter sido abortado. Que desperdício seria. Um rapaz bonito, inteligente, que tem dado alegrias à mãe, à avó e não sei se também ao pai.
Que país este, que está a envelhecer de ano para ano e prefere matar o futuro a investir nele.
Assim não! Nunca vamos sair do fundo do poço.

2 comentários:

paulocosta disse...

Acho que não deves ver as coisas nessa perspectiva. Acho que esse caso é uma excepção de sucesso.

paulocosta disse...

...E bom regresso, já me esquecia.